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A mostrar mensagens de julho, 2022

"SEREIAS" NO LITORAL BRASILEIRO

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As sereias existem? Na mitologia grega, inicialmente as sereias seriam metade pássaro, metade mulher e não tinha tanta beleza. Depois vemos a evolução da figura para metade peixe, metade mulher. O fato é que não apenas no Brasil, mas em outros lugares do mundo há depoimentos sobre a existência de monstros marinhos com a metade do corpo peixe e outra metade semelhante a um primata antes mesmo do que foi registrado em 1564. No litoral paulista da antiga Capitania de São Vicente, no ano de 1564, houve um fato envolvendo um desses "monstros" marinhos, conforme relata Pero de Magalhães de Gândavo em "A Primeira História do Brasil. História da provincia de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil". A foto da gravura acima corresponde ao original da obra de 1576. O que disse Gândavo sobre a insistência de uma jovem indígena que de forma assustada comunicou a visão horrenda aos demais, dentre eles a Baltazar Ferreira, filho de um capitão: "Foi coisa tão nova e

A MACAXEIRA: HERANÇA DOS POVOS ORIGINÁRIOS PARA NOSSA ALIMENTAÇÃO

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A Macaxeira (aipim ou mandioca) é sem dúvida uma das raízes mais consumidas no Brasil. Um dos maiores produtores de macaxeira (aipim), conforme vi no progrma "Brasil Visto de Cima" (da Globo pela skY) é a zona rural carioca entre os bairros de Guaratiba e Santa Cruz, bairros da zona oeste no município do Rio de Janeiro. Porém, em todo país as plantações de subistência cultivam macaxeira. consumida em larga escala no Brasil de diversas formas: cozida, frita ou como tapioca, farinha, bijus, sopas, utilizando-se até suas folhas na culinária do Norte. A macaxeira é um dos alimentos sagrados dos povos originários, ao lado também de outra raiz: a batata-doce. Ambas são raízes originárias da América do Sul e segundo aprendi com ensinamentos de professores indígenas da Aldeia Indígena Tapirema (localizada no município de Peruíbe no litoral de São Paulo) pelas aulas on line do projeto social Vivência na Aldeia, a macaxeira é um alimento sacralizado, assim como a bata-doce, o milho

TESTEMUNHAS DO PROCESSO DA BEATIFICAÇÃO DO PADRE JOSÉ DE ANCHIETA

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(Pintura do Padre Anchieta no Acervo do Museu Paulsita da USP. Foto da Internet) Trago para vocês uma parte dos depoimentos do longo e demorado processo de beatificação do padre jesuíta espanhol José de Anchieta. A razão pela qual trago é que consultando sites de genealogia, verifiquei que antepassados meus foram ouvidos como testemunhas no processo de beatificação, totalizando 04 antepassados ouvidos, oriundos de locais diferentes do Brasil no período inicial da colonização. Ontem (06.07.1627), fez 395 anos da oitiva da minha décima primeira avó, Catarina Afonso, residente no Rio de Janeiro, mas natural de Vila de Vitória, atual Espírito Santo. De origem pobre, uma das profecias de Padre José de Anchieta é que ela "passaria por muitos trabalhos" e "haveria de parir mais de um par de vezes". De fato, conforme Catarina confirmou, teve 5 filhos e teve que trabalhar muito por ser pobre. A profecia ocorreu em virtude do Padre José de Anchieta ter sido chamado porqu

BOA SENTENÇA: A MORTE IGUALA A TODOS?

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Segundo minha mãe informou, "Cemitério" vem do grego e significa câmara nupcial. Não me perguntem o porquê, já que nunca casei, nem morri, mas os gregos com seus misterios eleusinos com certeza têm uma explicação. Como diz o ponto de Pombagira "Cemitério é praça linda, mas ninguém quer passear". Local sagrado para várias religiões, local de culto e de oferendas, onde reside entidades, os cemitérios possuem uma energia própria e importante para os apreciadores. O Boa Sentença é o segundo cemitério oficial em funcionamento no estado da Paraíba. O primeiro fica no sertão. Antes logicamente haviam cemitérios na capital, mas é assunto para outras postagens. O Boa Sentença foi inaugurado em torno de 1857, porém o primeiro túmulo é do Tenente Coronel Jozé Narcizo de Carvalho, localizado logo na entrada do cemitério, sendo o primeiro à esquerda. Lê-se acima: "Jazigo dos restos mortaes de Joze Narcizo de Carvalho Tenente Coronel da 2 Linha do Exército (ilegível) Grande

O RIO DE JANEIRO TAMOIO

Esse vídeo é do canal do Youtube Música Boa e pode ser acessado no seguinte endereço: https://www.youtube.com/watch?v=u0R8pc7sop4 Os Tamoios deixaram para nós essa linda canção Canidê-Ioune (Pássaro Amarelo). Segundo o canal do Youtube Música Boa, a música Canidê-Ioune data antes mesmo da chegada dos colonizadores portugueses, tendo sido recolhida em 1557 por Jean de Lery. Como falar de Tamoios e não citar a fundação da cidade do Rio de Janeiro, dos portugueses unidos aos temininós de Arariboia contra os franceses unidos aos tamoios? No dia 20 de janeiro de 1557, no confronto no atual Outeiro da Glória, então chamado de Uruçumirim, teve fim o confronto entre portugueses/temininós e franceses/tamoios. Os temininós eram originalmente da atual Ilha do Governador, então Paranapuã. Foram expulsos pelos tamoios. Um dos objetivos de Arariboia, cacique temininó, ao se unir aos portugueses era justamente reconquistar Paranapuã. Não obteve entretanto sucesso, recebendo em contrapartida sesma

A PRIMEIRA ADVOGADA PARAIBANA ERA NEGRA : CATHARINA MOURA

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Depois de falar do primeiro advogado carioca, quero falar da primeira advogada paraibana: Catharina Moura. Negra (não retinta), graduada em 1913 pela faculdade de Direito do Recife. Surpreendente como somente a partir da leitura desta pesquisa feita por Charlinton Machado, Maria Lucia Nunes e Marcia Cristiane Mendes, tomei conhecimento de que Catharina Moura era advogada, apesar de ter visto referência sobre ela e a sua cor em livro sobre Anayde Beiriz de autoria de José Joffily. Isso porque Catharina Moura foi uma das paixões platônicas do também advogado João Dantas. Mas a família dele tinha restrições à cor da pele de Catharina, em que pese Anayde não ter sido também branca. Essas foram as mulheres que marcaram seu tempo com projeção no feminismo paraibano dos anos 10 e 20, embora Anayde não fosse propriamente uma militante feminista, mas teve comportamento muito à frente do seu tempo nos seus curtos 25 anos de vida. Catharina Moura é autora de um discurso sobre o Direito ao Voto

RESENHA DO ENSAIO "O COLONO PRETO COMO FATOR DA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA" POR MANOEL QUERINO

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O ensaio de Manoel Querino "O Colono Preto Como Fator da Civilização Brasileira" foi apresentado no VI Congresso Brasileiro de Geografia em 1918. Manoel Querino foi um dos maiores intelectuais do século XIX e início do século XX, precursor de estudos antropológicos no país, folclorista, professor e opositor às ideias eugenistas de Nina Rodrigues, traçando a contribuição africana, nesse texto, na formação da sociedade brasileira, mas do ponto vista da livre iniciativa, da empresariedade, como culturalmente já preparado na África para atividades empreendedoras, de garimpo, organizacional, que no Brasil foram apropriadas pelas relações abusivas de exploração pela elite colonizadora que passou a desenvolver na sua descendência a aversão ao trabalho considerado indigno e ultrajante, próprio de pessoas colocadas em condições de exploração e subalternidade, característico de uma elite parasitária. Ressalta que apesar da facilidade da conquista, pela indolência característica dos de

INQUISIÇÃO NA PARAÍBA: QUEM FORAM OS DENUNCIANTES DO SÉCULO XVIII

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A Paraiba sofreu com o Tribunal do Santo Ofício, tendo recebido visitas desde o século XVI. Ao lado da Paraíba, podemos citar o Rio de Janeiro (maior número de vítimas), Bahia (já no século XVI), atual estado de São Paulo (século XVI e XVII) e Minas Gerais a partir do século XVIII. É imprescindível a leitura de "No Tempo de Branca Dias" de José Joffily (1993), mas nessas andanças tenho descoberto outros nomes ao lado dele e de Irineu Joffily, como José Leal e Gilvan de Brito. A Inquisição é um assunto que provoca inquietações porque está diretamente relacionada à impossibilidade de expressar pensamento, crença, fé, orientação sexual, o existir com dons dados pela natureza como a beleza excessiva ou herdado como a riqueza, que em muitos denunciantes causaram inveja e cobiça. Na Paraíba, segundo Gilvan de Brito, o século mais crítico foi realmente o século XVIII nos fornecendo nomes de vítimas desde o século XVI, sendo que foi no século XVIII que temos o registro de maior núm

'HISTÓRIA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO' DE 1926 POR DELGADO DE CARVALHO- PARTE 1 SÉCULO XVI

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"História da Cidade do Rio de Janeiro" de 1926, de autoria do brasileiro nato, nascido na França, Prof. Carlos Delgado de Carvalho (1884-1980) era um livro adotado no Ensino Primário no antigo Distrito Federal na antiga 4ª série como estudo introdutório para História do Brasil. O livro tem uma linguagem e traz informações cujo nível é muito além do que se espera para 4ª série primária o que me faz questionar por que atualmente o nível de ensino e leitura caíram tanto. O livro aborda desde 1500 até 1926, sendo a segunda edição de 1990 pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro. Falarei sobre o século XVI e retornarei a esta obra pra tratar dos séculos seguintes. Em 1504 a Baía de Guanabara recebeu seu segundo nome como Baía de Santa Luzia. Ocorre que nos idos de 1502 já havia sido avistada a sua entrada nos idos de janeiro, batizada como "rio" de Janeiro. A colonização do lugar tem início com a chegada em 1531 de Martim Afonso de Souza, seu primeiro donatário, que s

SITÔNIO PINTO E O SAIR

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E em pleno solstício de inverno nos deixou o grande amigo Otávio Sitônio Pinto. Um ótimo escritor, foi um historiador que buscava entender o passado para transformar o ambiente que o cercava, oferecendo respostas para o desenvolvimento do semiárido nordestino. Sitônio foi um dos verdadeiros comunistas que conheci, com base teórica e com estilo de vida compatível com suas crenças ideológicas e morais. A obra 'Dom Sertão, Dona Seca' traz não somente informações históricas do município de Princesa Isabel (Sitônio era um saudosista e sobrinho-neto do Coronel Zé Pereira), mas sugere alternativas econômicas para o semiárido de uma sacada sem igual, respeitando o bioma da caatinga e dentro justamente das limitações do clima semiárido irregular nordestino trouxe propostas de solução para o antigo problema da seca. Cria a expressão SAIR para designar o Semi-Árido Irregular nordestino. Também foi um grande amigo que contamos, tendo nos ajudado financiando a passagem para o Rio de Janeiro

ONDE DESEMBARCARAM OS HOLANDESES NA PARAÍBA?

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Praia do Bessa em João Pessoa - Paraíba  Segundo o grande historiador paraibano Horácio de Almeida, os holandeses desembarcaram na Paraíba em 04.12.1634, na 'baia do Bessa', que  naquele tempo não se chamava praia do Bessa por ser um lugar totalmente ermo. Permaneceram de 04.12.1634 a 27.01.1654. Mas é importante o registro de que foi nessa localidade, na então Filipéia de Nossa Senhora das Neves, rebatizada pelos invasores como Frederick Stadt ou Frederica, hoje João Pessoa, que os holandeses desembarcaram e devem ter subido pelo Rio Jaguaribe que desemboca nas proximidades para atingir a parte que hoje pertence à Avenida Dom Pedro II e bairros da Torre e Jaguaribe. Os holandeses permaneceram até 1654, tendo sido expulsos do país a partir de revoltas de comerciantes e senhores de engenho pernambucanos que teriam dado calote na Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, e não quiseram quitar os empréstimos junto aos invasores. Mais informações sobre esse fato podem ser auferida