INQUISIÇÃO NA PARAÍBA: QUEM FORAM OS DENUNCIANTES DO SÉCULO XVIII

A Paraiba sofreu com o Tribunal do Santo Ofício, tendo recebido visitas desde o século XVI. Ao lado da Paraíba, podemos citar o Rio de Janeiro (maior número de vítimas), Bahia (já no século XVI), atual estado de São Paulo (século XVI e XVII) e Minas Gerais a partir do século XVIII. É imprescindível a leitura de "No Tempo de Branca Dias" de José Joffily (1993), mas nessas andanças tenho descoberto outros nomes ao lado dele e de Irineu Joffily, como José Leal e Gilvan de Brito. A Inquisição é um assunto que provoca inquietações porque está diretamente relacionada à impossibilidade de expressar pensamento, crença, fé, orientação sexual, o existir com dons dados pela natureza como a beleza excessiva ou herdado como a riqueza, que em muitos denunciantes causaram inveja e cobiça. Na Paraíba, segundo Gilvan de Brito, o século mais crítico foi realmente o século XVIII nos fornecendo nomes de vítimas desde o século XVI, sendo que foi no século XVIII que temos o registro de maior número de vítimas fatais. Essa lista pode ser encontrada na já citada obra de José Joffily (1993). Bem, como informa José Leal em "Itinerário da História. Imagem da Paraíba entre 1518 e 1965" do ano de 1965, ao menos duas mulheres no século XVIII têm a morte confirmada após condenação pelo Tribunal do Santo Ofício, sendo elas Guiomar Nunes de 37 anos (pernambucana radicada na Paraíba) e Isabel Henrique de 41 anos (portuguesa radicada na Paraíba). Ambas foram "relaxadas em carne" em Portugal. Conforme nos explica José Leal, "relaxar em carne" era "eufemismo que significava: o suplício da corda e da fogueira". Sobre Branca Dias, a bela paraibana cristã-nova que teria nascido em 15.07.1735 no Engenho Velho na capital da província paraibana e sido relaxada em carne em Portugal em 1761, segundo a obra de José Joffily, ainda restam especulações se a bela judia existiu de fato, se é uma inspiração na vida de Guiomar Nunes ou se é uma figura mítica. Esta Branca Dias não se confunde com a Branca Dias, professoracristã-nova, natural de Portugal e residente em Olinda, que foi vítima do Tribunal do Santo Ofício no século XVI. Mas vamos agora ao nome daqueles que denunciaram as vítimas para o Tribunal do Santo Ofício na Paraíba. O registro feito na obra "Opus Diáboli. A Lagoa e outras tragédias" de Gilvan de Brito elenca nomes que vão do século XVIII ao ano de 1804. Pedimos vênia para reproduzir: "Atendendo a convocação do Santo Ofício, com a garantia de que seus nomes não seriam revelados, várias pessoas foram escolhdas para pontar aos Visitadores desvios de conduta e de religião daqueles a quem julgavam enquadrados nos crimes de heresia" e Gilvan de Brito prossegue com a lista dos denunciadores que colocamos agora em ordem cronológica a partir de seu texto: 1.José Correia Leite (1730); 2.José Tavares da Silva (1733); 3.João dos Santos (1735); 4. Antonio Rois Vilela (1755); 5.João Coelho Araújo (1763); 6. João Fernandes Lisboa (1771); 7. João Gonçalves Medeiros Lisboa (1776); 8. Joaquim José Marques (1789); 9. Joaquim da Silva Guimarães (1789); 10. Francisco Xavier Abreu (1789); 11. João Batista Avundano (1792); 12. Antonio Dantas Correia (1804); 13. Antonio Rodrigues Portela (1804). Com certeza, outras pessoas devem ter denunciado vítimas ao Tribunal do Santo Ofício, mas acho importante o registro desses nomes. Em outra oportunidade, colocaremos o nome das vítimas. Laura Berquó

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