RESENHA DO ENSAIO "O COLONO PRETO COMO FATOR DA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA" POR MANOEL QUERINO

O ensaio de Manoel Querino "O Colono Preto Como Fator da Civilização Brasileira" foi apresentado no VI Congresso Brasileiro de Geografia em 1918. Manoel Querino foi um dos maiores intelectuais do século XIX e início do século XX, precursor de estudos antropológicos no país, folclorista, professor e opositor às ideias eugenistas de Nina Rodrigues, traçando a contribuição africana, nesse texto, na formação da sociedade brasileira, mas do ponto vista da livre iniciativa, da empresariedade, como culturalmente já preparado na África para atividades empreendedoras, de garimpo, organizacional, que no Brasil foram apropriadas pelas relações abusivas de exploração pela elite colonizadora que passou a desenvolver na sua descendência a aversão ao trabalho considerado indigno e ultrajante, próprio de pessoas colocadas em condições de exploração e subalternidade, característico de uma elite parasitária. Ressalta que apesar da facilidade da conquista, pela indolência característica dos descendentes que se acomodaram na exploração do trabalho alheio, os portugueses da elite não conseguiram manter suas colônias na Ásia, partindo assim para o Brasil. Já conhecedores da qualificação de etnias africanas para a agricultura, garimpo, comércio em vários setores, o tráfico de pessoas escravizadas da África teve início para o continente americano. Fala das formas de resistência desde revoltas contra senhores de engenho, ao processo de formação de quilombos, bem como a criação de Juntas, estas demonstrando a capacidade de organização e eficiência das pessoas escravizadas para que seus mutuários pudessem tomar empréstimos para conseguirem a própria alforria, sempre organizando-se de forma coletiva, pensando no coletivo, administrando valores que eram depositados por pessoas negras para um objetivo comum. Fala ainda das relações abusivas de afeto, em que vemos a figura da mulher preta que desenvolve afeto pelas crianças brancas que estavam sob seus cuidados, dentre outros exemplos. Fala ainda da contribuição do "mestiço", sendo importante essa passagem para desconstrução da imagem negativa do elemento africano desenvolvido pelo racismo científico. Laura Berquó

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