O CANSATIVO DIA 24 DE FEVEREIRO

(IMAGEM COPIADA DA PÁGINA DO TRE-SP) O CANSATIVO DIA 24 DE FEVEREIRO Um dos casos mais estarrecedores de violência doméstica e de violência política de gênero aconteceu em 1971 e foi publicada na Revista Manchete naquela época. A Lei de Violência Política de Gênero poderia se chamar Araci Najaim ou ter outro nome que expresse a indignação de um passado não tão distante. O seu (então) marido (e ex-Prefeito de Caruaru) Drailton Najaim, manteve Araci em cárcere privado, quebrou seus membros e queimou a vítima com cigarro para que ela renunciasse ao mandato. Na época a Revista Manchete tratou com chacota a situação, como briga de casal. Quantas Najaim foram impedidas de ingressarem na política por seus maridos? Quantas que estão se prestando na verdade a serem mandatárias de seus maridos, pais e filhos? E quando não se trata de um projeto familiar, a mulher cumpre a agenda da liderança masculina do partido. Quando fazemos o recorte racial/classe, como se dá a participação da mulher branca na política, especialmente como testa de ferro de homens na maioria das vezes? Isso ocorre também na esquerda onde mulheres, independentemente da cor, apoiam o comando do “homem cis, hétero, branco e etc”. Já vi inclusive mulheres que não votam em homens negros “machistas”, mas votam em brancos não muito diferentes ou até piores. Na Paraíba tivemos o exemplo de pelo menos 02 gestores brancos (de partido de esquerda) que espancaram ou mandaram espancar namorada e ex-mulher e as mulheres “politicamente corretas” se calaram. Temos ainda os interessantes casos de auto ódio de deputadas federais que apoiam o ex-Presidente que prega abertamente a inferioridade das mulheres em termos salariais, de fraquejada, etc e que riu do número de mortos da COVID e incentivou um monte de donas-de-casa entediadas a pegarem um ônibus e irem quebrar Brasília. Grandes eleitoras essas que apoiam candidato racista, antidemocrático e espalhador de Fake News, porque não bastava ser misógino. O auto ódio dessa mulherada tem que contaminar todo mundo. Mas isso tudo para dizer que o dia 24 de fevereiro está chegando, e teremos aquelas postagens cansativas comemorando não sei quantos anos que as mulheres no Brasil inteiro puderam (facultativamente) votar e serem votadas, como se fosse uma verdade absoluta, porque as mulheres analfabetas (e com certeza pobres) só puderam votar em 1985, com a Emenda Constitucional nº 25 ao texto de 1967. O Decreto nº 21.076 de 24 de fevereiro de 1932 (Código Eleitoral de 1932) em seu artigo 2º dizia “É eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, alistado na forma deste Codigo”. E para finalizar, quero aqui mencionar duas grandes figuras paraibanas na defesa do voto feminino: a primeira advogada paraibana, mulher negra, Catharina Moura, que fez seu discurso em 1911 (o acervo do IHGP se encontra com os textos rasgados do jornal A União que publicou o discurso), antes mesmo de Bertha Lutz, pelo direito de voto feminino e ao grande anarcofeminista e intelectual paraibano Carlos Dias Fernandes que era um defensor dos direitos das mulheres participarem ativamente da vida política. Laura Berquó

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