O GENRO JUDEU DE MARTIM AFONSO DE SOUSA

(Martim Afonso de Sousa) O GENRO JUDEU DE MARTIM AFONSO DE SOUSA Martim Afonso de Sousa (ou Souza) chega a São Vicente em fins de janeiro de 1532 para "fundar" a primeira vila oficial do Brasil: São Vicente. Falo oficial, porque São Vicente e Cananéia já existiam em São Paulo fundadas por Cosme Fernandes Pessoa, marido de Terebê Piquerobi e genro de Piquerobi. Piquerobi merece uma "releitura", mas foi resgatada sua imagem de herói sobretudo com a tentativa de transformarem Amador Bueno em "Rei", já que descendia de Piquerobi, um legítimo rei brasileiro. Muito interessante inclusive o estudo que João Mendes de Almeida Júnior dedica a Piquerobi, colocando sua primazia sobre Tibiriçá, na obra que viria a consagrar a teoria do indigenato: " Os Indígenas do Brazil". Mas Piquerobi com certeza tinha ciência do tráfico de indígenas escravizados por seus genros antes mesmo do início oficial da colonização em 1532, até porque era muito próximo de Cosme. De acordo com o "Diário de Navegação" de Pero Lopes de Sousa, irmão mais velho de Martim, no dia 22.01.1532 é fundada oficialmente a Vila de São Vicente. O verdadeiro fundador foi Cosme Fernandes Pessoa. Mas este era judeu. O Rei de Portugal e ultra católico Dom João III teria designado Martim Afonso de Sousa para a tarefa de tomar de um judeu essa primazia e oficializar o início da colonização. O mais interessante nisso tudo é que o genro de Martim Afonso de Souza era judeu, o cristão-novo Estêvão Gomes da Costa que se estabeleceu em São Vicente com a filha mais velha de Martim, que este teve solteiro e aos 16 anos: Isabel Lopes de Sousa. Não há como entender as relações entre cristãos-novos e cristãos-velhos senão como estratégia de sobrevivência dos primeiros que buscavam não judeus para casar, mas o fato é que Martim Afonso de Souza também não tinha uma origem homogênea: trineto de moura, de italiana, bisneto de judia, etc, uma ascendência extremamente variada. O fato é que Dom João III, que foi um dos mais fervorosos perseguidores de judeus não durou muito tempo após o início da colonização, dando alívio por algumas breves décadas aos cristãos-novos que aqui se estabeleceram até a chegada da Inquisição no final do século XVI, não tendo vivido Estêvão Gomes da Costa para ver, porque nascido em 1500, mesma idade do sogro, viveu pouco mais de 40 anos. Contraditório, portanto, a vinda de judeus com Martim Afonso de Sousa para início oficial da colonização e a tese de que o problema com Cosme Fernandes Pessoa fosse o fato dele ser judeu. Piquerobi, Tibiriçá e Martim Afonso de Souza são meus décimos sextos avós, Terebê Piquerobi, Cosme Fernandes Pessoa, Isabel Lopes de Sousa e Estêvão Gomes da Costa meus décimos quintos avós. Todos antepassados pelas minhas bisavós paternas. Laura Berquó

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