AS MATRIARCAS JUDIAS DO NORDESTE

AS MATRIARCAS JUDIAS DO NORDESTE A casa da foto é atualmente um centro de artesanato em Olinda-PE, mas no século XVI teria funcionado a primeira escola para moças no Brasil e também sido uma Sinagoga clandestina. A propriedade teria pertencido a Branca Dias Coronel e seu marido Diogo Fernandes Santiago, ambos judeus. Ela chegou aos 27 anos no Brasil. Antes, passou uma década em Portugal presa e se defendendo das acusações do Santo Ofício. Conseguiu fugir para cá, onde o marido já se encontrava, mas sua mãe e irmã foram mortas pela Inquisição. Ela é o símbolo do judaísmo no Nordeste, um tipo de matriarca dos cristãos-novos nordestinos. Branca Dias Coronel teve vários filhos e criou a filha do marido nascida aqui na sua ausência. A menina se chamava Briolanja, um nome que se popularizou em fins da Idade Média na Península Ibérica. Muitos filhos de Branca Dias Coronel foram enviados para Lisboa, porque após a morte dela e do marido veio uma visita do Santo Ofício. As ex- alunas da Escola em fins do século XVI disseram que viram hábitos estranhos na casa/escola enquanto o casal ali residiu. Os filhos de Branca Dias foram então perseguidos e muitos terminaram na indigência em Lisboa como uma filha deficiente física, chamada Beatriz (Brites), que virou mendiga em Portugal. A filha que conseguiu ter uma sorte diferente e deixou vasta descendência no Nordeste (sobretudo de Pernambuco ao Ceará) foi Inês. Atualmente, um dos bilionários nordestinos do ramo de Hospital/Plano de Saúde é seu descendente. Dificilmente uma família da elite política nordestina não descende de Branca Dias quando chegamos sobretudo no sertão da Paraíba, sertão e seridó do Rio Grande do Norte e Sobral e adjacências (no Ceará). Porém, embora Branca Dias seja a matriarca judia mais famosa do Nordeste, todas as famílias que têm origem no início da colonização luso-brasileira nordestina (a partir de Pernambuco com a vinda de Duarte Coelho em 1535) e criaram uma elite política regional, têm sua origem em outras mulheres judias que tiveram casamentos com holandeses que aqui chegaram mais de meio século antes das Invasão Holandesa do início século XVII. É assim que teremos os ramos da família Hollanda ou Holanda (de Alagoas ao Ceará) que descendem de Brites Mendes de Vasconcellos Góes, que apesar de neta de Dom Manuel, o Venturoso (avô paterno), era judia porque sua mãe Joana Góis de Vasconcellos era judia, filha de pai e mãe judeus sefarditas. Os filhos de Brites com o holandês Arnaud Florentz Boyens van Holland que mais aparecem em árvores genealógicas, para citarmos os mais conhecidos e que deram origem às famílias de diversos sobrenomes da política e cultura locais são as filhas Anna e Adriana Holanda e o filho Arnau de Holanda. Todas as colonizadoras judias citadas também eram senhoras de engenho e contemporâneas a partir do século XVI e foram contemporâneas de outras matriarcas nordestinas como Muirã Ubí (Maria do Espírito Santo Arcoverde), Mércia e Felippa de Mello, todas com vasta descendência com o Adão Pernambucano, o Capitão- Mor Jerónimo de Albuquerque. Falaremos das esposas e descendentes de Jerónimo de Albuquerque em outra oportunidade. As árvores genealógicas podem ser consultadas no FamiliySearch. Em outro post irei disponibilizar fontes de consulta sobre Branca Dias Coronel. O conteúdo citado se refere a fontes que li há algum tempo e que no momento preciso organizá-las para fins de citação. Laura Berquó

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