SOBRE A VISÃO EUROCÊNTRICA DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL

Pedro Álvares Cabral Nesse pequeno texto manterei o termo "descobrimento", haja vista que a data (22.04.1500) é marcada a partir de uma visão eurocêntrica e sob essa lógica que será feito o presente comentário sobre o "Descobrimento do Brasil". Estou a menos da metade ainda da leitura do livro de Bauman, "Europa. Uma aventura inacabada" em que o sociólogo polonês nos fala do sentido europeu de viver no mundo, de se lançar em aventuras e expandir suas fronteiras, sejam elas territoriais ou culturais. Pensando sobre isso, acredito que o reconhecimento da nacionalidade de descendentes de diversos europeus, pelo critério do sangue, é uma forma muito inteligente de estender a Europa dentro da lógica europeia de estar no mundo. Mas apenas para entendermos o modo de ver europeu e sob essa ótica como "descobridores", "inventam" novos mundos (no sentido técnico de "descoberta" = "invenção"), e deles "extraem" o que bem desejam como bom aventureiros. É nesse sentido que temos o "Descobrimento do Brasil". Esse espírito de aventura marca um novo mundo inventado (descoberto) oficialmente a partir de 22 de abril de 1500. O que aconteceu de mais interessante em termos europeus foi o que precedeu essa data e dela nos dá conta Monsenhor Pizarro no volume 1 de sua obra "Memórias Históricas do Rio de Janeiro" de 1820, coleção obrigatória para estudiosos do período colonial. Monsenhor Pizarro informa que Cristóvão Colombo tomou conhecimento da existência de terras a oeste do Arquipélago das Madeiras a partir do relato de um espanhol de nome Affonso Sanches que teria morrido na miséria, mas que foi sobrevivente do naufrágio de um navio francês que comandou e teria passado pelo "Novo Mundo", sendo o espanhol Affonso Sanches o verdadeiro "descobridor" das "Américas". O genovês Colombo, segundo Pizarro, com base nas informações de Affonso Sanches teria se oferecido para a empreitada de "Descobrir" a "América" ao Rei de Portugal Dom João II que recusou financiar a viagem, fazendo Colombo pedir patrocínio nos reis vizinhos. De volta em 1493 a Portugal, Colombo se encontra com o rei português e o provoca de forma arrogante pelo sucesso da empreitada. Segundo Monsenhor Pizarro, tal provocação irritou o rei português de forma que começaram as tratativas para o Tratado de Tordesilhas e planejamento da esquadra portuguesa em "direção às Índias". Como excelentes navegadores, entendo que nesse caso a expressão "direção às Índias " corresponde ao ponto que os navegadores portugueses deveriam desviar exatamente a rota para chegarem às terras do Oeste. O sucesso da empreitada portuguesa foi oficialmente concluído com o sucessor de Dom João II, seu primo Dom Manuel, o Venturoso, no dia 22 de abril de 1500 sob o comando de Pedro Álvares Cabral, cujos restos mortais (uma parte) se encontra sepultado na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé na cidade do Rio de Janeiro, igreja em que fui batizada por sinal em 14.04.1979. Laura Berquó

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