SOBRE O EPISTEMICÍDIO LINGUÍSTICO

Recentemente iniciei os estudos do idioma Tupi-Guarani (Nhadewa - falado em São Paulo e Paraná basicamente). O tronco tupi se apresenta de forma distinta. Na Paraíba estuda-se o Tupi-Potiguara e me questiono sobre a diversidade de línguas tupis. O idioma Tupi-Guarani é altamente complexo e nos remete a diversas consoantes inexistentes no português, também a inexistência de fonemas do português e no tupi e em virtude disso, os jesuítas e Padre José de Anchieta fizeram uma reinvenção. Não existe no tupi original as letras (fonemas): b, c, f, h, j, l, q, s, v, x, z. As consoantes existentes são: DJ, GW, K, KW, M, MB, N, ND, NG, NH, P, R, T, TS, TX, W. O Tupi-Guarani possui seis vogais: A, E, I, O, U, Y. Essa vogal Y se assemelha ao U francês na forma "do bico", mas sai da nossa garganta. Então é um som que não existe nas línguas de origem latina. Em muitos aspectos a fonética se assemelha à língua japonesa, sendo o idioma japonês muito mais fácil de se assimilar quanto à fonética de seu alfabeto silábico. Pretendo prosseguir no estudo do Tupi-Guarani e retomar ao idioma japonês. As palavras de origem indígena (tupi, desconsiderando os demais troncos linguísticos) não correspondem ao verdadeiro tupi. Jamais se pronunciaria Paraíba, mas "Para - y - wa", tendo esse y o som já explicado e o w som de "u". Peruíbe nem pensar, porque esse "be" teria som de "we" e assim por diante. Há um epistemicídio linguístico que atribui à origem indígena, nomes que não correspondem à fala tupi, como 'lua' que significa em tupi "Djatsi" e não "Jaci", porque não há nem "J", nem "C". O epistemicídio linguístico me chamou a atenção. Inclusive a complexidade da língua originária que não foi repassada de forma fiel pelos jesuítas por outra questão específica: as palavras no idioma tupi são criadas a partir da interação com o meio, inclusive a partir de sons onomatopaicos e de aspectos sacralizados. Meu professor de Tupi - Guarani é o militante indígena Luã Apyká, Guarani, do Estado de São Paulo. Em breve outras considerações sobre o 19 de Abril. Até breve. Aweté Katú, txeirū kwery! Laura Berquó

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