AINDA SOBRE A REVOLUÇÃO DE 1930: ANAYDE BEIRIZ, UMA VÍTIMA ARRASTADA PELOS ACONTECIMENTOS

Anayde "Nasci Nasceu Cresceu Namorou Noivou Casou. Noite nupcial. As telhas viram tudo. Se as moças fossem telhas não se casariam." Anayde Beiriz Esse poema foi um dos poucos que chegaram até nós da poetisa paraibana Anayde Beiriz. Foi engolida pelas turbulências da Revolução de 1930, desencadeada pelo assassinato de João Pessoa, em 26.07.1930, pelo seu noivo, o advogado João Dantas. Anayde nasceu na Capital paraibana em 1905 (Parahyba do Norte) e se suicidou no Recife aos 25 anos em 22.10.1930, dias após o assassinato de João Dantas. Nunca saberemos o real potencial poético de Anayde, porque sua casa foi invadida por populares que queimaram documentos. Anayde tinha 1,67 m. Se vestia elegantemente. Usava uma Colônia que agora não recordo o nome. O cabelo À La Garçonne, salto e batom vermelho. Para os padrões dos anos 20 foi audaciosa ao ir residir só com seus recursos como Professora, numa época em que as mulheres saíam de casa somente casadas. Teve dois grandes amores: o estudante de medicina Heriberto Paiva, um amor de idas e vindas e o amor fatal do advogado João Dantas, da oligarquia dos Dantas de Teixeira, uma das oligarquias-alvo do Presidente da Paraíba João Pessoa. Anayde é ancestral nessa terra tabajarina, incompreendida, mas copiada por muitas gerações futuras de Anaydes. Era de origem pobre, mas foi uma das melhores alunas do Curso Normal. Foi eleita Miss Paraíba em 1925, o que permitiu que passasse a frequentar saraus e espaços reservados à elite intelectual. Em muitas fotos aparenta ser branca, mas Anayde era negra não retinta. Foi uma jovem muito à frente de seu tempo. Muitos brasileiros ignoram o protagonismo da Paraíba na Revolução de 1930 e a contribuição desse episódio para o fim da República Velha e o Golpe de Getúlio Vargas na incipiente e seletiva democracia daquele tempo. Mas no meio disso tudo, temos um rosto de mulher, com seus olhos Sanpaku, prenúncio de tragédia, apelidado por José Américo de Almeida de "Panthera dos Olhos Dormentes". Laura Berquó

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